Deitado na rede da varanda eu podia vê-la,
A cabecinha recostada em meu peito desnudo
subia e descia no compasso das respirações sincronizadas.
Ela era a minha realidade.
Quis acariciar sua nuca, como na noite da véspera
Mas antes que minhas falanges se perdessem
Nas ondas escuras do mar revolto de seus cabelos
Comecei involuntariamente a sonhar.
Um sonho inesperado e inconveniente.
Sonhei que um senil, de rosto sereno e amável,
Sentava ao meu lado e perguntava banalmente:
"Este ônibus passa pela Boa Vista ou pela Riachuelo?"
Respondi, meio aturdido, que pela Boa Vista.
Não consegui mais retornar à realidade.
Porra, Afonso! Perfeito em seus detalhes! Tu é foda!
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